Memória: descubra como funciona e tipos de memória
Publicado: 17 Outubro, 2024 | 6'
Os seres humanos diferenciamos-nos não apenas a nível físico pelo nosso aspeto, mas também pela nossa mente e conduta, que se constrói em grande parte pelo que aprendemos e recordamos. Nisto, a nossa memória desempenha um papel essencial no nosso dia a dia, uma vez que se encarrega de receber e processar os estímulos que recebemos e armazenar a informação que é considerada relevante para construir as recordações.
O que é a memória?
“A memória é o diário que todos levamos connosco” Oscar Wilde.
Esta frase ajusta-se à definição clássica de memória, que é a capacidade de adquirir, armazenar ou repor informações ou experiências vividas que entram no nosso sistema nervoso por alguma rota sensorial. Além disso, a memória está associada ao conhecimento e à consciência, que nos permite ter critérios para agir e/ou adaptar-nos quando necessário.
Como funciona a memória?
A memória, embora seja uma função básica, é complexa e heterogénea. No processo de memória estão implicadas várias regiões do sistema nervoso central, tendo uma grande associação o hipotálamo, cuja função principal é a consolidação da memória e da aprendizagem.
Processos cognitivos da memória
O seu funcionamento está definido por uma série de processos ou etapas que devem ser cumpridos de forma ordenada, através das diferentes estruturas cerebrais como o cerebelo e o hipocampo.
O neurotransmissor que exerce uma função chave neste processo de “memorização” é a acetilcolina.
Neurónios e sinapses: O papel na retenção de informação
O processo de memorização depende do tipo de informação, da organização desta, da capacidade de armazenamento e da persistência, assim como das áreas cerebrais implicadas. A memória traduz-se em aprendizagem, e ambas estão relacionadas com a motivação, a atenção, a comunicação e o afeto.
Nisto, os neurónios são um elemento chave para que o sistema nervoso transmita e coordene a informação a diferentes zonas do corpo. Estes têm a capacidade de comunicar com precisão, rapidez e a longa distância de outras células através dos impulsos nervosos.
Quanto duram as nossas recordações?
A memória é o eixo principal para aprender e recordar. As recordações podem permanecer minutos ou ilimitadamente dependendo do tipo de memória que as processa. Vejamos que tipos de memória existem e como atuam.
Tipos de memória
A memória classifica-se em duas grandes áreas, segundo esteja associada com o tempo (memória a curto prazo e a longo prazo), ou com a natureza da recordação (memória declarativa e memória não declarativa).
Memória a curto prazo
A este tipo denomina-se também memória imediata ou operacional. É a capacidade de reter na mente uma experiência durante alguns segundos. Está intimamente ligada às experiências sensoriais da visão, do ouvido e do tato.
Este tipo de memória requer repetição contínua do estímulo que a produziu, e permite que possamos executar funções básicas e imediatas, por exemplo, reter um número de telefone quando o ditam.
Memória a longo prazo
Este tipo de memória é o sistema pelo qual a informação fica armazenada, encontrando-se a priori inactiva, mas a pessoa pode recuperá-la conforme a necessidade.6
Exemplos disso são lembrar datas, nomes, pessoas, imagens, etc.
Dentro deste tipo de memória é onde se realiza o processo de aprendizagem, pelo que o seu desenvolvimento é muito complexo.
Divide-se em dois subtipos:
- Memória declarativa ou explícita: sendo conhecida como a capacidade de trazer à consciência factos ou episódios específicos da nossa vida (é o “quê”). Este subtipo é conhecido como a “memória de uso cotidiano” e tem um limite de armazenamento elevado. Esta inclui as recordações conscientes sobre lugares, objetos, acontecimentos, etc.
- Memória não declarativa ou implícita: neste tipo de memória não há uma recordação consciente (é o “como”), e inclui as experiências prévias que nos ajudam a executar uma tarefa de forma “automática” (priming). Este tipo de memória refere-se aos hábitos e habilidades adquiridas.
Fases da memória
Para que a nova informação que recebemos se mantenha no nosso cérebro e possamos recuperá-la, devem ser cumpridas as diferentes fases da memória:
- Registro e codificação: é o momento de transformar a informação que recebemos através dos canais sensoriais em outro tipo de informação significativa que os nossos sistemas de memória possam assimilar. Analisam-se os seus detalhes para processá-la dependendo do seu significado (se é um som, que aspeto tem, etc.).
- Armazenamento e consolidação: é a manutenção a longo prazo da informação. Os detalhes que nos chamam a atenção passam para a memória a curto prazo e, se a informação for processada adequadamente com um significado, passam para a memória a longo prazo. Quando conectamos uma informação com recordações ou conhecimentos existentes, o cérebro acrescenta-lhe um sentido e cria associações para que nos seja mais fácil recuperá-la no futuro.
- Recuperação: é quando o cérebro recupera a informação que foi armazenada. Existem duas formas através das quais podemos recuperar a informação: por evocação (lembrar a data de um aniversário, por exemplo) ou por reconhecimento ao associar outras ideias para recuperar um dado.
A memória ao longo da vida
À medida que cumprimos anos a partir da nossa etapa adulta, diminui progressivamente a nossa função cerebral. Isto quer dizer que a nossa mente precisará de um maior esforço para memorizar dados e também para recuperar recordações.
Alterações na memória por idade
Por isso, é comum sofrer despistes nas tarefas diárias, embora se estes sejam muito frequentes, ou venham acompanhados de desorientação ou comecem a ser um impedimento no desenvolvimento das tarefas do dia a dia, pode tratar-se de algum tipo de perda de memória. Este deterioramento da memória associado à idade é gradual e implica um descenso nas tarefas de memória de até 50% ou mais em idades avançadas.
As perdas de memória associadas à idade são mais significativas em algumas tarefas relacionadas com a memória de recordação, por exemplo, para relembrar o contexto de alguma situação atual, em relação à memória prospectiva, relativa a recordar realizar uma ação num futuro próximo, mas também em tarefas de memória operacional como manter a informação na mente enquanto se realiza essa tarefa ou outras que requeiram atenção.
Como manter uma memória saudável na velhice
As áreas implicadas no normal funcionamento da memória requerem nutrientes para levar a cabo a sua tarefa. Quando estes nutrientes, como por exemplo as vitaminas C e E, juntamente com as do grupo B, os Omegas e a Colina, não se encontram nas quantidades necessárias, podem ocorrer alterações na função cerebral.
Manter a memória em forma também é possível, além de com uma dieta correta, realizando exercícios mentais que ajudem a fortalecer o cérebro e a manter a função cognitiva.
Como melhorar a memória
Junto com uma dieta equilibrada e um estilo de vida saudável, a memória pode ser melhorada implementando uma série de hábitos no dia a dia.
- Realizando jogos que impliquem atenção e memorização (cartas, puzzles, sopas de letras, etc.).
- Relembrar no final do dia os factos e tentar recordar detalhes.
- Utilizar técnicas de memória em novos processos de aprendizagem (fragmentação, diagramas, gravações, cartões de memória…).
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Conteúdo revisto pelos especialistas da área de Informação Científica da MARNYS. Este artigo é informativo e não substitui a consulta de um especialista.