Queda de cabelo: Como pará-la?
Publicado: 22 Novembro, 2023 | 12'
O cabelo é uma das características característicos nos seres humanos, com um alto valor simbólico, já que o estilo ou penteado é um meio de comunicação social e de projeção de identidade. É a área do nosso corpo que mais cuidamos e ao longo da história tem sido associada à beleza, atração e autoestima. Além disso, do ponto de vista sociológico, é frequentemente relacionado como um indicador de idade, saúde, nutrição e fertilidade.
O cabelo tem como principais funções: proteção contra fatores externos, termorregulação e produção de sebo e feromonas.
O cabelo é derivado da epiderme e é composto por duas partes distintas: o folículo (onde nasce o cabelo) e a haste capilar (o próprio cabelo). Veremos como ele cresce e as razões pelas quais perdemos cabelo.
Por que o cabelo cai?
O couro cabeludo contém cerca de 100.000 fios de cabelo com diferentes graus de crescimento. Seu ciclo de vida médio é de cerca de 3,5 anos, com uma taxa de crescimento de 0,05 centímetros por mês.
O folículo piloso é responsável pela nuturação do cabelo, volume da fibra capilar e de sua espessura, pela velocidade e regulação do crescimento capilar. Além disso, o folículo piloso está sujeito a uma constante e perpétua renovação através de 3 fases de regeneração capilar:
- Anágena (proliferação): é a fase de crescimento e dura de 2 a 7 anos, e o volume de cabelos pode variar de 85% a 90,6%. É a fase mais vulnerável em caso de fatores que afetem negativamente o seu desenvolvimento. Em geral, é mais longa nas mulheres do que nos homens.
- Catágena (involução): dura aproximadamente de 2 a 4 semanas. O volume de cabelos pode variar de 1% a 2%.
- Telógena (repouso): dura cerca de 3 meses e o volume de cabelos varia de 10% a 15%.
Essa renovação capilar, onde há perda de cabelo, é um ciclo normal do metabolismo do folículo piloso. Quando alguma dessas fases se desequilibra, especialmente a anágena, é quando pode ocorrer queda excessiva de cabelo, redução da espessura capilar, crescimento lento, entre outros.
Quantos cabelos perdemos por dia?
Como mencionado anteriormente, é normal a queda de cabelo devido ao ciclo regenerativo capilar. Estima-se que entre 50-100 cabelos caem por dia em condições normais, mas pode se tornar um problema quando a perda excede 100 e dura várias semanas. Nestes casos, a recomendação é procurar um profissional que avalie a causa e possa orientar sobre o tratamento mais adequado.
Principais causas da queda de cabelo
O crescimento do cabelo e suas fases regenerativas são influenciados por inúmeros fatores. Os fatores internos estão relacionados principalmente à genética, ação hormonal, nutrição, entre outros; os fatores externos estão associados a causas ambientais, condições climáticas, práticas de trabalho, produtos utilizados para a higiene capilar, etc. Vamos ver algumas dessas causas.
Efeitos do estresse e ansiedade
O estresse é uma reação normal diante das pressões da vida cotidiana. Essa reação provoca mudanças fisiológicas e psicológicas com o objetivo de poder ativar ou atuar com eficiência e coerência diante de várias situações. O hormônio cortisol é o principal responsável pelas reações decorrentes do estresse; de fato, foi demonstrado que o cortisol tem um efeito negativo no mecanismo de formação do folículo piloso, especialmente em sua estrutura.
Além disso, ocorrem mudanças a nível imunológico, hormonal e cardiovascular, que estão muito envolvidas no metabolismo do folículo piloso. Tanto o estresse quanto as mudanças que ocorrem não devem ser permanentes, portanto a queda de cabelo é transitória; no entanto, se a situação estressante for contínua, e não for adequadamente gerenciada, ocorrem alterações que podem durar mais tempo.
Existem dois tipos de queda de cabelo associados ao estresse:
- Eflúvio telógeno (ET): caracterizada pela transição de um grande número de folículos capilares para a fase de repouso (telógena) e pelo afinamento do cabelo. É classificado como agudo (<6 meses) e seu início é muito rápido, atingindo as maiores perdas de cabelo entre 6-8 semanas; se for tratado adequadamente, a pessoa experimenta uma rápida recuperação capilar em 6 semanas e um melhor crescimento em 12 meses; e crônico (>6 meses) em que, assim como o agudo, ocorre queda de cabelo, além de um afinamento difuso do cabelo e um encurtamento da fase anágena. Mulheres entre 30 e 60 anos são geralmente as mais afetadas.
- Alopecia areata (AA): uma perda de cabelo de origem autoimune, caracterizada por áreas localizadas com notável redução de cabelos. Afeta principalmente a fase de crescimento capilar, e é reversível, desde que seja tratada adequadamente.
Mudanças de estação
As mudanças de temperatura exercem estresse térmico sobre o folículo piloso. Durante o verão, o ciclo capilar tende a estar na fase de repouso (telógena), passando para a fase involucional (catágena) no outono com queda de cabelo. Durante a primavera, embora em menor grau, o cabelo passa pela fase catágena e o ciclo se reinicia com o crescimento do cabelo.
Componentes genéticos
Os genes determinam a espessura, volume, curvatura, cor do cabelo, entre outros. Além disso, regulam o ciclo de crescimento capilar, sendo que a chamada alopecia androgenética é a causa mais comum de queda de cabelo.
A alopecia androgenética (AGA, na sigla em inglês) é causada tanto por fatores genéticos como os relacionados à idade. As estatísticas indicam que afeta o sexo masculino em 80% (50% aos 50 anos e 70% nas fases mais adultas), e 40-50% das mulheres (16% abaixo dos 50 anos e 30-40% acima dos 70 anos)6,13. É importante ressaltar que, nas mulheres, o componente genético para a AGA é de apenas 21%, enquanto nos homens é de 50%.
O mecanismo androgênico está relacionado à regulação da enzima 5-alfa redutase e outras prostaglandinas. Esse mecanismo androgênico permite que o cabelo lanugo se transforme em cabelo terminal mais longo, grosso e escuro; sua disfunção estimula a regressão dos folículos pilosos para que se tornem cabelos lanugos, causando o que é chamado de miniaturização do folículo (ele fica muito pequeno).
A importância da alimentação
A integridade do funcionamento normal do cabelo depende em grande parte de uma alimentação adequada e equilibrada. Mais de 100 mil folículos capilares estão presentes em nosso couro cabeludo e cerca de 90% estão na fase anágena ou de proliferação, sendo assim, a contribuição de nutrientes como proteínas, vitaminas e minerais é fundamental para a manutenção de um cabelo saudável. Além disso, foi observado que vários micronutrientes minimizam o estresse oxidativo porque desempenham um papel durante a alopecia.
Em geral, a queda de cabelo (sem problemas de descamação) ocorre na queda difusa de cabelo, no eflúvio telógeno crônico, na alopecia androgenética e na areata. A deficiência de iodo, biotina, inositol, niacina, ácido pantotênico, entre outros, causa a queda de cabelo.
Queda de cabelo em homens
O AGA, nos homens, apresenta um padrão de perda de cabelo (MPHL, em inglês), caracterizado pelo enfraquecimento em ambos os lados do couro cabeludo frontal, ao longo da linha do cabelo, se estendendo até o topo. A taxa de progressão varia de um indivíduo para outro, com heterogeneidade clínica entre familiares afetados, além de variações raciais em relação à apresentação clínica.
Tal como mencionado anteriormente, a AGA é causada por uma disfunção da 5-alfa redutase, que está envolvida na conversão da testosterona em dihidrotestosterona (DHT). Com o aumento dos níveis de DHT no folículo piloso, o ciclo capilar encurta, ele diminui de tamanho e, portanto, perde espessura e qualidade, causando a queda de cabelo.
Queda de cabelo em mulheres
Nas mulheres, o padrão de perda de cabelo (FPHL em inglês) relacionado à AGA é mais difuso e se acentua nas regiões frontal e média do couro cabeludo e, em alguns casos, pode afetar a região parietal ou occipital. Assim como no caso masculino, a 5-alfa redutase pode estar envolvida, já que também participa do metabolismo dos estrogênios e a sua ação enfraquece o folículo piloso.
A prevalência da AGA em mulheres é mais comum acima dos 70 anos, enquanto a perda de cabelo durante a adolescência, idade reprodutiva e menopausa indica que os ciclos hormonais femininos nessas épocas são os que influenciam o ciclo capilar.
Gravidez, pós-parto ou amamentação
As mudanças hormonais que ocorrem durante essas três fases são determinadas pelos níveis elevados de estrógenos, progesterona, gonadotrofina e prolactina, bem como por fatores de crescimento. Vamos analisar o que acontece com o cabelo durante essas mudanças.
Durante a gravidez, a ação combinada dos hormônios mencionados acima retarda a fase catágena. Além disso, aumenta a taxa de crescimento e o diâmetro do cabelo. Tanto a prolactina quanto a progesterona inibem a atividade da 5-alfa redutase que é responsável pela queda do cabelo.
- A rápida diminuição dos níveis de estrógenos e progesterona que ocorre durante o pós-parto favorece o effluvium telogen (ET) que pode durar entre 2 a 4 meses. O ET estimula uma queda sincronizada do cabelo durante 6 a 24 semanas, sendo raro que dure mais de 15 meses.
- Quando a liberação do leite materno começa e os níveis de prolactina continuam elevados, o effluvium telogen é revertido e o ciclo capilar retorna ao normal, com um equilíbrio entre as fases anágena e telógena.
Mudanças hormonais
Existem outras mudanças nos níveis hormonais que afetam diretamente o ciclo de crescimento do cabelo. Alguns deles estão relacionados com estágios próprios do ciclo de desenvolvimento sexual, enquanto outros estão relacionados com fatores externos ou disfunções internas.
Durante a puberdade, ocorre a liberação de andrógenos, que são hormônios que estimulam o crescimento de pêlos em diferentes partes do corpo, incluindo o crescimento do cabelo. Também o tireotropina (produzido pela tireoide) estimula positivamente o folículo piloso, alongando o talo do cabelo (fio capilar) e a fase de crescimento do cabelo (anágena).
Por outro lado, a presença em níveis elevados de hormônios corticotropina e cortisol (relacionados com estados de estresse) estimula a fase catágena e inibe a produção de ácido hialurônico e proteoglicanos que fazem parte do folículo piloso. Outro fator que pode causar a queda de cabelo é o desequilíbrio nos níveis de neuropéptido galanina, que além de regular o ciclo capilar, também está envolvido na sensação de apetite, no processo de memória e aprendizado, entre outros.
A menopausa é outra fase em que as mudanças hormonais afetam o ciclo de crescimento do cabelo, resultando em uma diminuição acentuada da densidade e diâmetro do cabelo. O cessar da produção ovariana de estrógenos e as interações com outros hormônios, fatores de crescimento e citocinas contribuem para alterar as características do crescimento do cabelo8. Por sua vez, os níveis de andrógenos permanecem elevados por mais tempo e o aumento do hormônio luteinizante não apenas causa a queda do cabelo, mas modifica o equilíbrio entre as fases anágena e catágena. As áreas com menor presença de cabelo durante essa fase estão localizadas na região parietal e fronto-sagital.
Soluções naturais para combater a queda de cabelo
É um fato reconhecido que os nutrientes obtidos dos alimentos são responsáveis por fornecer a energia e os elementos necessários para o crescimento, reparação e manutenção dos nossos tecidos e órgãos, incluindo o couro cabeludo. Portanto, uma alimentação equilibrada é essencial para manter uma boa saúde. Vamos analisar quais ingredientes naturais são fundamentais para promover o crescimento do cabelo.
A importância do zinco e da biotina
A biotina e o zinco participam ativamente do ciclo capilar em diferentes níveis, vamos ver como.
- Biotina: é essencial para a produção e decomposição normal de proteínas, gorduras e carboidratos no organismo, pois faz parte de um complexo enzimático chamado As proteínas queratina e colágeno dependem da sua presença para serem produzidas; além disso, a biotina contém enxofre, que favorece o crescimento do cabelo e regula a produção de sebo. Esta vitamina pode ser encontrada em alimentos de origem vegetal (principalmente em cereais, vegetais e alguns frutos secos) e animal (fígado, ovos, leite). A dose diária recomendada de biotina para adultos é de 40 µg/dia, embora as doses máximas possam variar de 1000-2000 µg/dia.
- Zinco: seu papel é fundamental no sistema antioxidante do couro cabeludo e na produção de colágeno. O zinco participa da regulação androgênica do folículo piloso e da fase catágena, promovendo o crescimento do cabelo e favorecendo sua espessura e firmeza. As principais fontes dietéticas de zinco são peixe e carne, e a dose diária recomendada para adultos é de 10-12 mg, com uma ingestão máxima de 25 mg/dia.
O papel do colágeno e da queratina
O colágeno e a queratina compõem a estrutura tanto do folículo quanto do fio do cabelo. O colágeno contribui para a funcionalidade do folículo, proporcionando firmeza e elasticidade à pele ao seu redor.
Já a queratina confere firmeza, elasticidade e brilho, e sua presença estimula os fatores de crescimento do cabelo.
Cistina e metionina
São aminoácidos sulfurados que compõem a estrutura das proteínas e são precursores da síntese das proteínas queratínicas do cabelo.
A cistina é o principal aminoácido da queratina (10-17%) e sua produção é regulada pela presença de A taxa de crescimento, o diâmetro do cabelo, sua firmeza e a síntese de proteínas são favorecidos pela presença de cistina.
As fontes alimentares desses dois aminoácidos são: as de origem animal, incluindo atum, salmão, camarão, carne bovina, cordeiro, ovos e laticínios; e as de origem vegetal, que podem ser fornecidas por pimentões vermelhos, cebola, cereais, feijão, lentilha, soja, gérmen de trigo e espirulina.
Saw palmetto
O extrato ou óleo obtido das bagas da palmeira anã americana (Saw palmetto) é rico em ácidos graxos. Sua atividade promove a capacidade antioxidante do couro cabeludo e regula a atividade da 5-alfa redutase. Além disso, o beta-sitosterol, que é outro de seus componentes ativos, exerce uma ação positiva sobre a fase anágena.
Ácido hialurônico
O ácido hialurônico é um polissacarídeo presente em todos os nossos tecidos conjuntivos, incluindo a pele e o couro cabeludo. Sua presença no folículo piloso é fundamental para a manutenção da viscoelasticidade, da hidratação e do metabolismo regulatório. Além disso, sua presença permite a formação de outros componentes essenciais do folículo piloso, como os proteoglicanos.
Recomendações finais para prevenir a queda de cabelo
O cabelo é um dos elementos distintivos da nossa imagem e é a parte do corpo que requer mais cuidados. Para isso, uma boa alimentação que forneça os nutrientes que promovem a saúde do cabelo é fundamental e pode ser complementada com suplementos alimentares.
Existem diferentes razões pelas quais podemos ter queda de cabelo, desde fatores como estresse, mudanças hormonais até variações climáticas. É fundamental que um profissional determine a causa subjacente para poder tomar as medidas adequadas a fim de normalizar o ciclo capilar.
Conteúdo redigido e revisado pelos especialistas da área de Informação Científica da MARNYS. Este artigo é informativo e não substitui a consulta a um especialista.