Zona Íntima: Aprenda Como Manter a Saúde e o Bem-Estar com 10 Dicas Valiosas
Publicado: 17 Janeiro, 2023 - Actualizado: 23 Março, 2023 | 9'
Quando falamos do cuidado da zona íntima, não falamos só de higiene, mas também de prestar atenção à saúde vaginal da mulher.
Uma higiene vaginal inadequada afeta a estrutura do tecido vaginal, a fertilidade, e mesmo o desejo sexual e/ou a capacidade de atingir o orgasmo.
Dúvidas que temos: O que é a saúde vaginal e como podemos manter a nossa área íntima em condições ótimas? O Dr. Joan Matas, ginecologista integrativo, responde a algumas das perguntas mais frequentes sobre o cuidado da vagina e da zona íntima.
1. Como fazer para cuidar de minha saúde íntima?
Em primeiro lugar, é preciso entender a "estrutura vaginal". A vulva é a primeira linha de defesa para proteger o trato genital contra as infecções, enquanto a vagina é o canal fibromuscular que se estende até o colo do útero. A vulva e a vagina formam uma unidade funcional, fazendo que a perturbação de uma afecte a outra.
O ambiente da zona genital caracteriza-se pela sua elevada humidade, muco, um pH adequado entre 3,8-4,2 e a sua própria flora bacteriana. A vagina é uma parte muito importante do corpo feminino e há certos fatores que podem afetar sua saúde. Por exemplo, a transpiração, a menstruação, as relações sexuais, a higiene, a contaminação urofecal e os produtos cosméticos podem "alterar" a zona interior da vagina, juntamente com outros fatores relacionados à anatomia, idade, flutuações hormonais, entre outros.
Por conseguinte, se falamos de higiene adequada da zona, temos de começar com uma limpeza suave da vulva, que é um elemento fundamental da higiene íntima feminina e da saúde vulvovaginal das mulheres. Uma higiene diária da vulva (genitália externa) evita a acumulação de corrimento vaginal, suor, urina e contaminação fecal, e é especialmente útil para mulheres com corrimento vaginal com odor. A lavagem externa diária pode também reduzir o risco de recidiva da vaginose bacteriana.
Algumas das dicas para cuidar da zona íntima feminina indicadas por ginecologistas e obstetras são as seguintes:
- Lavar a zona externa uma vez por dia (que pode ser duas vezes durante a menstruação), usando um sabonete líquido hipoalergênico suave com pH de 4,2 a 5,6 e água. Esta zona prefere "água com sabão" em vez de muito sabão, mesmo que o sabão fosse adequado.
- Evite o uso de esponjas ou toalhas. Lave a zona vulvar somente à mão e depois seque suavemente com uma toalha.
- Evite usar sabão inadequado, géis de banho, esfoliantes, banhos de espuma, desodorantes, toalhetes para bebês ou duchas vaginais.
- Não usar pó de talco.
- Troque os tampões e pensos higiénicos com frequência.
- Antes e depois das relações sexuais, limpe a vulva da frente para trás.
- Usar roupa íntima solta e de algodão.
2. O que pode acontecer se lavarmos demais a zona íntima?
O recomendado é lavar a zona externa uma vez por dia (que, como mencionado, pode ser duas vezes durante a menstruação, se necessário), sempre usando sabonetes íntimos suaves e hipoalergênicos. Essa recomendação se deve ao fato de que nossa área vulvovaginal deve apresentar condições ideais de humidade, pH e flora bacteriana para evitar o risco de infecções ou alterações em nossa vida sexual.
A limpeza excessiva pode agravar os sintomas vulvares (por exemplo, sintomas de dermatite de contacto) ou alterar as condições naturais da zona íntima, especialmente o pH e a microbiota vaginal.
Devido aos riscos associados à lavagem interna, as lavagens externas femininas são consideradas mais adequadas para a saúde íntima feminina.
3. Ducha vaginal: é aconselhável?
A ducha é um método de lavagem da vagina que consiste em usar uma solução, que geralmente vem em uma garrafa ou bolsa, e introduzi-la na vagina através de um tubo onde o líquido é pulverizado. As soluções podem conter água, sabão, vinagre, bicarbonato de sódio, entre outros, além de conter fragrância.
Essas duchas vaginais não são recomendadas, pois podem contribuir para o aparecimento de vaginose bacteriana (que é a alteração da microbiota vaginal), doença inflamatória pélvica, endometriose e infecções sexualmente transmissíveis. Isso porque a ducha pode eliminar a flora vaginal normal (além de alterar o pH), permitindo o crescimento de outros tipos de bactérias "vaginais não naturais"; Da mesma forma, o fluido pressurizado na vagina favorece o transporte de microrganismos do trato genital inferior para o útero, as trompas de falópio ou a cavidade abdominal, o que pode afetar o bem-estar dessas estruturas.
Existem dados clínicos, como no estudo PEACH (2001), que mostraram que mulheres com endometrite ou infecção do trato genital superior tinham maior probabilidade de terem feito ducha higiênica do que mulheres que nunca haviam feito ducha higiênica.
4. É aconselhável usar géis íntimos ou outros produtos com infecções do trato urinário?
A recomendação quando se tem uma infecção urinária continua a ser a higiene óptima da zona íntima, lavar diariamente e com suavidade a pele que envolve a vagina e o ânus (externamente), com produtos adequados para isso: sabonete hipoalergénico, com pH equilibrado, que não contém perfume e não afeta a flora bacteriana natural. O uso de outros tipos de produtos, como géis íntimos, não é recomendado.
Também, durante uma infeção urinária, é recomendável, juntamente com o tratamento prescrito pelo seu médico, beber bastante líquido (sobretudo água), urinar com frequência e manter uma higiene anogenital adequada.
5. Devemos evitar o uso de produtos de higiene íntima perfumados?
Sim. Existem inúmeras associações de ginecologistas que aconselham que as mulheres usem um agente de limpeza hipoalergênico (sem perfume), com pH equilibrado para a limpeza vulvar diária que não afeta a flora microbiana natural e que foi clinicamente testado para garantir que seja bem tolerado.
Produtos como desodorantes, tampões ou pensos perfumados, géis íntimos perfumados etc., não são recomendados para uso na área íntima.
É importante mencionar que a zona íntima, devido a sua estrutura, humidade e flora bacteriana, tem um odor característico, que deve ser monitorado, pois se mudar pode ser um sinal de alteração da mucosa vaginal. Nestes casos, é recomendável consultar um médico ou ginecologista.
6. Como manter uma flora vaginal ou microbiota vaginal saudável?
Além das recomendações fornecidas pelas associações ginecológicas, que vimos acima, há outras boas sugestões para manter em equilíbrio a microbiota vaginal, como, por exemplo :
- Cuide da sua alimentação. As dietas ricas em carboidratos favorecem o crescimento de bactérias patogênicas no intestino e no trato urinário, portanto, modera seu consumo. Entre os alimentos recomendados para a microbiota vaginal estão o iogurte ou produtos fermentados, nozes, alimentos com fibras e ácidos graxos Ómega.
- Beba diariamente pelo menos 1,5 litros de líquidos, que você pode obter de água, sumos naturais de vegetais, chás de ervas ou caldos. A hidratação facilita o equilíbrio do pH da zona genital, preservação do muco cervical e lubrificação.
- Evite usar roupas que estejam muito apertadas, pois a zona íntima está sujeita a maior calor e sudorese, especialmente se as roupas forem sintéticas.
- Consulte um ginecologista pelo menos uma vez por ano e se notar alguma alteração nos teus órgãos genitais, consulte de imediato este especialista. O ginecologista, por vezes, pode recomendar-nos a ingestão de probióticos específicos para a zona genital.
7. Se tenho secura vaginal, o que fazer?
A secura vaginal é bastante comum, principalmente ligada a mulheres idosas após a menopausa, embora possa ocorrer em idades mais precoces. É normalmente devido a alterações hormonais, tomando contraceptivos orais, usando roupa interior sintética, tratamentos de stress ou tratamento oncológico, tais como radioterapia, entre outros.
A vagina é normalmente elástica com um elevado teor de humidade e, devido aos fatores acima mencionados, as mucosas podem tornar-se mais finas, menos lubrificadas e menos hidratadas. Isto leva a coceira, dor ou desconforto.
Quando tais sintomas ocorrem, é aconselhável procurar ajuda de um profissional, que pode sugerir adequadamente o uso de lubrificantes, géis restauradores do pH ou probióticos, hidratantes vaginais como o ácido hialurónico local, ou estrogénios tópicos.
8. já sabe como escolher o hidratante vaginal certo para cuidar da sua saúde íntima?
Entende-se por hidratante vaginal uma loção, creme ou gel que é aplicado tanto dentro como fora da vagina, geralmente duas ou três vezes por semana. O objetivo destes hidratantes é equilibrar a humidade dos tecidos e restabelecer o pH vaginal.
A aplicação contínua de hidratantes vaginais melhora a integridade da mucosa, hidrata o tecido subjacente e permite a preservação das dobras e rugosidade tanto da vulva como da vagina. Além disso, os hidratantes vaginais demonstraram boa eficácia no tratamento de sintomas urogenitais locais, tais como secura, prurido vaginal, irritação e dispareunia (dor durante a relação sexual).
O ácido hialurónico é um desses hidratantes. Trata-se de um componente natural da pele e das mucosas (incluindo a mucosa vaginal), cujas propriedades são manter a hidratação e firmeza dos tecidos. Estudos4,9 mostraram que o ácido hialurónico alivia a irritação associada à secura, comichão, dispareunia (dor coital) e equilibra o pH do tecido na mesma medida que o estrogénio tópico.
Hidratante vaginal para uso interno e externo
Os hidratantes vaginais devem cumprir três premissas básicas : respeitar a flora bacteriana, equilibrar o pH e restaurar o tecido epitelial da vagina. Além disso, sua tolerabilidade deve ser clinicamente comprovada em termos dermatológicos e ginecológicos.
Existem muitos tipos de hidratantes, mas aqueles que contêm uma mistura de ácido hialurônico e outros agentes naturais em uma base aquosa, são os que mais se aproximam da "naturalidade" do tecido vulvovaginal.
Também são considerados os mais seguros entre os hidratantes ou produtos para a zona íntima, pois não são irritantes e não causam danos ao látex, estando associados a menores taxas de ruptura de preservativos.
9. Existem exercícios para a saúde vaginal?
A vagina é coberta por uma camada muscular que, como todos os músculos, precisa de ser exercida. O bom estado desta musculatura, que é afetada pela passagem do tempo e pelo parto vaginal, permite uma melhor manutenção do ecossistema vaginal e melhora as relações sexuais, intensificando o "efeito de presa" da vagina sobre o membro masculino.
A manutenção destes músculos pode ser melhorada através dos bem conhecidos exercícios de Kegel, que envolvem a contração dos músculos vaginais, assim como do pavimento pélvico.
10. Quando devo ir ao ginecologista para uma revisão?
O exame ginecológico regular e de rotina deve ser realizado anualmente. Esta frequência permite-nos ter um diagnóstico precoce eficaz do cancro ginecológico, cancro da mama, do ovário, endometrial e do colo do útero. Além disso, permite-nos também transmitir algum desconforto, dúvidas e resolver patologias benignas que são incómodas e podem ser tratadas.
Todas as mulheres que começam a ter relações sexuais devem iniciar estes exames preventivos anualmente, independentemente da sua idade. Em qualquer caso, a partir dos 15 ou 16 anos de idade, convém iniciar estes exames, ou antes, se houver algum desconforto que o exija. Nestes exames ginecológicos podemos diagnosticar doenças sexualmente transmissíveis e tratá-las eficazmente.
Este conteúdo foi criado pelos especialistas da Área de Informação Científica da MARNYS com a colaboração do Dr. Joan Matas. Este artigo é apenas informativo e não substitui a consulta com um especialista.
Sobre o especialista
O Dr. Joan Matas é um ginecologista integrativo especializado em Patologia Mamária, Fertilidade e Medicina e Nutrição Ortomolecular. Através de suas redes sociais @dr.matasdalmases, ele ajuda a informar e promover hábitos saudáveis.
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