
Cominho preto: características e usos
Publicado: 13 Fevereiro, 2019 - Actualizado: 26 Outubro, 2023 | 5'
Nigella sativa: a planta do cominho preto
Nigella sativa, comumente conhecida como semente negra ou cominho preto, é uma planta que pertence à família botânica Ranunculaceae. Embora tenha se originado no sul e sudoeste da Ásia, ela é cultivada em grande escala no Oriente Médio, norte da África e sul da Europa, sendo usada tanto na medicina tradicional quanto como planta ornamental.
Cominho preto no antigo Egito
O cominho preto, Nigella sativa, é uma planta nativa do antigo Egito com várias referências históricas e aplicações na medicina tradicional.
O cominho preto é conhecido como o óleo dos Faraós, pois supostamente sementes de cominho preto foram encontradas no túmulo de Tutancâmon para que suas propriedades o acompanhassem na vida após a morte.
Da mesma forma, parece que Cleópatra e Nefertiti utilizavam o óleo de cominho preto para seus cuidados com a beleza.
Composição do cominho preto
As sementes de cominho preto têm uma composição química muito variada, contendo proteínas, carboidratos, alcaloides, saponinas, óleos voláteis, ácidos graxos, minerais e vitaminas.
Conteúdo de ácidos graxos
As sementes de Nigella sativa contêm uma concentração elevada de ácidos graxos de até 38%, sendo os mais importantes o ácido linoleico (50-60%) e o ácido oleico (20%), além de palmítico e esteárico, entre outros. Tanto o ácido linoleico quanto o ácido oleico pertencem aos chamados ômega.
Proteínas
As proteínas representam entre 16% e 27% dos componentes das sementes de N. sativa, sendo os aminoácidos arginina, ácido glutâmico, leucina e lisina os mais representativos.
Vitaminas e Minerais do cominho preto
Os minerais presentes nas sementes de cominho preto estão dentro de uma faixa de 1,8% a 3,8%, sendo os mais relevantes o selênio, o zinco, o cobre, o fósforo e o ferro. Além disso, elas contêm carotenoides que se convertem em vitamina A quando ingeridos e processados pelo fígado, e vitamina E (α, β e γ).
Carboidratos
O conteúdo de carboidratos ou açúcares pode chegar a 30% do conteúdo da semente de cominho preto, com maior proporção de arabinose e galactose.
Outros compostos voláteis
O teor de óleos voláteis na semente de Nigella sativa varia de 0,4% a 0,7% de seu peso. Os principais componentes identificados são timoquinona (27,8-57%), p-cimeno (7,1-15,5%), carvacrol (5,8-11,6%), t-anetol (0,25-2,3%), 4-terpineol (2-6,6%) e longifoleno (1-8%).
Timoquinona, o que é?
A timoquinona é o principal fitoquímico do cominho preto. Os polifenóis (como a timoquinona) e os ácidos graxos (como o linoleico, oleico) demonstraram exercer atividade antioxidante que promove os processos imunológicos, dermatológicos e cardiovasculares.
Características do Óleo de Cominho Negro
O óleo das sementes de N. sativa tem sido tradicionalmente utilizado como conservante ou aditivo alimentar, ou como tempero na culinária. No entanto, a composição química da semente é de grande utilidade para o bem-estar geral de nosso corpo, não apenas do ponto de vista nutricional, mas também favorecendo os processos do sistema imunológico, cardiovascular e da pele.
O conteúdo de timoquinona e ácidos graxos confere ao cominho preto algumas vantagens que são reconhecidas pela EFSA on hold2 para a regulação da glicose, em particular a "o extrato das sementes de Nigella sativa ajuda a regular a glicose no sangue".
Usos do Óleo de Cominho Negro
Os usos tradicionais desta planta originam-se dos antigos egípcios, gregos e romanos. Eles usavam o óleo de cominho preto para facilitar a digestão e como aperitivo.
Na medicina tradicional, as sementes e o óleo de Nigella sativa são frequentemente prescritos como uma solução natural para aliviar desconfortos na garganta e no nariz, além de manter a integridade e beleza da pele. Muitas vezes, o mel era misturado com o cominho preto para dar um toque doce à ingestão.
Utilidade do cominho preto
- Neutraliza os radicais livres, favorecendo a capacidade antioxidante, que está presente nos processos imunológicos4,8.
- A ação combinada dos ômegas e da timoquinona pode atuar sobre as prostaglandinas, que estão envolvidas na manutenção das mucosas e da pele6,7.
- Auxilia na regulação da glicose no sangue3,4,8.
O cominho preto: novas perspectivas
O óleo das sementes de Nigella sativa tem se mostrado de grande utilidade em pessoas com problemas respiratórios, como a asma5, devido à combinação da timoquinona e dos ácidos graxos essenciais (oleico, linolênico e linoleico). Outros estudos também indicaram sua utilidade em condições cardiovasculares como diabetes3.
Estudo sobre cominho preto e pessoas com asma5
Um estudo realizado em 2016 no Hospital Universitário King Abdulaziz (KAUH) na cidade de Jidá, Arábia Saudita, demonstrou que o óleo de Nigella sativa foi útil no controle da asma, com uma tendência positiva na função pulmonar e um perfil de segurança e tolerabilidade aceitável entre pacientes adultos com asma.
O número de pessoas com asma que precisam melhorar seu tratamento está aumentando cada vez mais. Em particular, o Estudo GAPP (Global Asthma Physicians and Patients) de 2005 relatou que 39% dos indivíduos com asma trocaram ou suspendeeram suas medicações devido a eventos adversos, e 76% dos indivíduos e 81% dos médicos consideram que são necessárias novas opções de tratamento.
A introdução de estratégias de tratamento inovadoras, como os tratamentos "complementares", é um passo fundamental para um melhor controle da asma5.
Estudo sobre cominho preto e pessoas com diabetes3
Outro estudo indica sua utilidade no campo cardiovascular. Foram avaliados os efeitos do óleo de cominho preto nos parâmetros de glicose sanguínea e perfil lipídico em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Após 8 semanas, foram obtidos resultados positivos e significativos no controle da glicose em jejum e também nos níveis de colesterol. A atividade antioxidante foi verificada pelo nível de proteína C reativa e pela peroxidação lipídica3.